quinta-feira, 1 de março de 2012

Globalização em Trincheiras I

O texto da Anita

Suportando-me em Giddens tentarei, nas próximas linhas, cumprir o repto lançado pelo João.

Democratizar a Democracia

É certo que vivemos um período difícil. Mas também é verdade que há muito vivemos tempos difíceis e, por isso, não é muito diferente daquilo que foi em épocas passadas. Porém, este constrangimento mundial tem especificidades que outrora não existiam, causadas por fenómenos que nessa época eram desconhecidos ou talvez tivessem outro nome. Naturalmente que os problemas e as exigências atuais são também diferentes.

A globalização, fenómeno, a meu ver, tão injusto quanto espetacular, poderá explicar algumas das preocupações levantadas pelo João. Conseguiremos conviver com ele se formos capazes de pensar de forma transversal pois já não estamos sozinhos no mundo. Hoje, somos bombardeados diariamente com imagens que nos chegam de todo o planeta, estando em contacto permanente com outros que pensam e vivem de maneira diferente. Mc Luhan estava longe de imaginar que a sua “aldeia global” fizesse hoje mais sentido do que nunca.

Sobre este assunto, Giddens não explicaria melhor. Segundo ele, “a globalização não é firme nem segura, mas repleta de ansiedades, bem como marcada por profundas divisões” De facto, a globalização, de um ponto de vista económico, veio trazer não só coisas positivas, como também veio contribuir para a destruição de culturas e aumentar as desigualdades no mundo. Não esqueçamos, no entanto, dos seus efeitos positivos, nomeadamente no que à expansão da democracia diz respeito: as transformações que todos assistimos quase “in loco”, na Europa de Leste, nos finais do século XX, são um grande exemplo disso, bem como, mais recentemente, os acontecimentos da “Primavera Árabe”.

Mas vivemos num período assustador e injusto e é natural que nos sintamos, muitas vezes, abandonados, perdidos e sem grandes expectativas. Tal como escreve o João, “quando os representantes deixam de nos representar, quando a barbárie primária procura irromper pela veia amorfa da nossa apatia e ameaça instalar-se no berço fundador da nossa demo por força do poder, é nosso dever fazer ecoar a nossa voz e defender, como sempre, aquilo que, muitos de nós, nunca viram ameaçada: a dignidade humana”, considero que é também nosso dever participar com mais fervor na vida política da nossa terra, do nosso país, do nosso mundo para combater a nossa desilusão, a nossa desconfiança e o nosso desinteresse para com os agentes governativos e partidários. Mais do que uma realidade incontornável, trata-se de uma responsabilidade e exigência que todos devemos ter bem presentes. No fundo, tudo isto se resume a um simples conceito, promovido por Giddens: “democratização da democracia”, cuja intenção de aprofundamento da democracia, subscrevo e espero praticar.

A globalização colocou-nos à prova e nós seremos capazes de a acompanhar, de mangas arregaçadas, na defesa dos valores fundamentais da justiça , solidariedade e igualdade, sem nunca deixarmos – por um minuto que seja – de sonhar com um mundo ou uma vida melhor. Os nossos sonhos de meninice, por mais ridículos que nos possam parecer, devem acompanhar-nos para o resto da nossas vidas.



Ana Leite

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