quinta-feira, 10 de maio de 2012

a crise precoce dos quarenta

*vem atrasado, mas vem...


aos 38 anos, a nossa democracia entrou na crise de meia-idade – entrada precoce. deixou de acreditar na sua própria capacidade de se regenerar, de se proteger; perdeu a crença nos seus mecanismos intrínsecos, como um corpo gasto que deixa de ter orgulho no que foi e, agora, passou a ser, as duas sempre uma e a mesma coisa. 

abstenção em 2011: 41%; 
desemprego em 2012: 15%; 
desemprego jovem em 2012: 36%; 
apoios sociais – todos e mais alguns: sempre a descer; 
custos de educação e saúde todos e mais alguns: sempre a subir.

alguns dados preocupantes que põem qualquer um a questionar sobre a forma como se permitiu chegar a este ponto de desleixo; um desleixo humano, que despreza tudo e todos, que transforma as pessoas em algarismos, números frios, absolutos, acríticos. suspendem-se direitos, revogam-se liberdades, põe-se em causa princípios elementares da democracia, lápis azula-se a informação, resolvem-se os problemas à bastonada – braço armado da incoerência mais incompetente. emigra-se.

a crise dos quarenta chegou mais cedo, irrompendo casa a dentro, rua a fora, penetrando tetos como se fossem caixas de cartão – há cada vez mais caixas de cartão – forçando-nos a todos a crer que não há saída possível. quer sejam sintomas ou consequências, a resignação, a indiferença e a apatia instalam-se, impotentemente coniventes com o estado a que chegámos – há cada vez menos Salgueiros –, impedindo a reação enérgica que se exige. o remédio, qual receita prescrita pelo mais conceituado dos médicos, está ao alcance de um pulmão e é simples: é a nossa voz, somos nós! 

viva a Liberdade, viva Abril!

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