sexta-feira, 13 de abril de 2012

socialismo



sobre isto - JS vota contra tratados europeus - há várias coisas que não devia ser preciso explicar mas, vai-se a ver, e afinal é:

1) sei que o PS é um partido cosmopolita e europeísta. ao longo de toda a sua história tem defendido o aprofundamento das formas de participação democrática europeias, com um sistema político que garanta equidade e equilíbrio entre estados;

2) sei que o PS teve vários líderes - e tem muitos militantes - que defendem um modelo federalista para a União Europeia;

3) acho que o PS entende que ser um estado-membro da União Europeia implica a perda de algumas funções que, tradicionalmente, eram de soberania nacional;

4) acho que o PS sabe que fazer parte da União Económica e Monetária implica obedecer e cumprir vários critérios orçamentais e de natureza económica, firmemente estabelecidos no Tratado de Adesão ao Euro;

5) acho que o PS sabe que a União Europeia não é um estado federal nem se vai tornar com estes tratados;

6) sei que o S de PS é de socialista.

não sei se é suficiente para explicar porque é que o PS não podia votar favoravelmente este novo tratado europeu. se não for, a razão é simples: não se entrega poder soberano a uma entidade não democrática e opaca de livre vontade, nem se abdica de poder de decisão a favor de uma organização que caminha cada vez mais para modelos de decisão não democráticos. parte séria da coisa: estes tratados cometem o mesmo erro já identificado - impõem uma coisa sem oferecerem a garantia de que têm a solução para a resolver caso ela corra mal, i. e., impõe limites aos défices, estabelece equipas de intervenção, mas continua sem estabelecer mecanismos de solidariedade europeia.

a juventude SOCIALISTA defende um novo modelo europeu, não assente numa economia liberal, unicamente regulada pelos mercados e sem mecanismos de controlo igualitários por parte da UE. e vota contra. acho que combater o liberalismo económico triunfante do século XXI é razão que baste. o problema não reside na perda de soberania, mas sim na confirmação de um modelo económico que privilegia o controlo orçamental cego e retira aos estados mais mecanismos de intervenção e estímulo económicos sem oferecer, em contrapeso, as garantias de solidariedade exigidas em situação de crise e incumprimento.

agora devagarinho: impõe-se o limite do défice na constituição => não se cumpre o limite do défice na constituição => a UE vem cá impor medidas para voltarmos aos valores de défice orçamental exigidos e estipulados => enterram-se os mortos e não se curam os feridos que surgirem pelo caminho.

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