quarta-feira, 7 de outubro de 2009

troca-tintas

a suposta juventude e as coisas que ela perdoa

inspirado pelos escritos de uma amiga, decidi escrever sobre aquilo de que não gosto. não consegui ter a mesma capacidade para fazer uma lista de tudo aquilo que me irrita e que eu não aprecio, mas decidi escrever sobre algo de que não gosto particularmente.


o presidente da Comissão Europeia, José Barroso, José Manuel Barroso, Durão Barroso, Durão, seja qual for o seu nome artístico neste momento, é uma personagem interessante da cena política. tem um percurso académico excepcional, sabe falar várias línguas, estudou em várias universidades de vários países europeus, não é mau de todo a falar e a discursar perante multidões, estejam elas à sua frente ou recostadas tranquilamente no sofá, gosta de viajar, gosta de ir aos Açores, sabe receber e aperta muito bem as mãos enquanto sorri. o senhor presidente (para não complicar a escolha do melhor nome de entre os possíveis), viveu a sua juventude, a sua entrada na vida adulta, em tempos de grande indefinição política, de enormes e compreensíveis euforias, de exageradas divisões e exacerbadas afirmações ideológicas, um período marcado por um maravilhoso idealismo revolucionário, uma total esperança no futuro e a certeza absoluta de uma ruptura consumada com o passado. facilmente se percebe o quão difícil terá sido para o jovem senhor presidente ultrapassar as dúvidas normais de qualquer jovem quando a estas acresce uma conjuntura política nacional extremamente complicada de definir. naturalmente, o jovem senhor presidente teve dificuldades em ajustar-se ao tempo em que vivia e em definir as suas convicções ideológicas e acabou por se juntar ao grande partido revolucionário e defensor dos direitos dos operários (trabalhadores já é uma concessão contemporânea), o PCTP / MRPP - Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses / Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado - para ajudar a liderar os seus colegas estudantes na luta do proletariado. em 1980, o já não tão jovem senhor presidente percebeu finalmente e de forma definitiva as suas convicções ideológicas e abraçou-as para sempre. desvarios de uma juventude difícil. não faz mal porque era jovem e não sabia bem o que andava a fazer. hoje defende outros ideais, tem outra população alvo, outras preocupações e outros conceitos económicos que o guiam; hoje pertence ao "centro"-direita, ao PPD / PSD - Partido Popular Democrático / Partido Social-Democrata - e a uma família partidária europeia diferente, chamada popular.
são coisas que acontecem. porque era jovem.
hoje já não é jovem, por isso não faz mal.

troca-tintas - ou nas palavras de Sepúlveda, vomitivo, carne de blogue!


um destacado jornalista de referência e director de referência de um jornal de referência, mais constante no nome utilizado, José Manuel Fernandes, vive neste momento os seus últimos dias nessas mesmas funções directivas. José Manuel Fernandes pertenceu à UDP - União Democrática Popular -, colaborou com A Voz do Povo, abraçou na sua juventude os ideias ideológicos de um partido de esquerda, lutou por esses ideais, escreveu sobre eles, eram a sua convicção. há não muito tempo atrás, durante um período de campanha eleitoral, participou num jantar de campanha do PPD / PSD.
são coisas que acontecem, porque era jovem.
hoje já não é jovem, por isso não faz mal.

troca-tintas - vomitivo, carne de blogue!


João Carlos Espada... é mais difícil porque oficialmente não pertence a nenhum partido. já pertenceu, quando era novo, quando era jovem e até foi director d' A Voz do Povo, o jornal da UDP. hoje tem opiniões um bocadinho diferentes de quando tinha convicções ideológicas fortes e era de esquerda e defendia o socialismo revolucionário e os operários e trabalhadores e as classes desfavorecidas e os estudantes e tudo o mais que havia para defender.
são coisas que acontecem, porque era jovem.
hoje já não é jovem, por isso não faz mal.

troca-tintas - vomitivo, carne de blogue!

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