sexta-feira, 31 de julho de 2009

I beg your pardon, Sir?!

Os ingleses, com a sua delicadeza congénita e com o seu politicamente correcto, educado e próprio de uma nação de cavalheiros e damas, têm esta expressão simpática de interpelação quando não compreenderam aquilo que foi dito, ou quando não julgam ter compreendido e querem demonstrar o quão confusos, e por vezes, ofendidos, se estão a sentir. O Tribunal Constitucional provocou-me esta reacção, "I beg your pardon, Sir?!" Ou melhor, confesso que, influenciado pela cultura linguística predominante dos seus confrades do outro lado do Atlântico, a primeira expressão que soltei foi um singelo "What the Fuck?!". E foi só quando me lembrei de que me estava a referir a tão altas e prestigiadas autoridades do Direito Constitucional que rapida e discretamente tentei corrigir para o seu correspondente inglês. Não foi uma interpelação à totalidade de suas excelências, porque numa decisão tão importante como esta, uma maioria simples de 3 para 2 é suficiente e não quero pôr em causa o trabalho de tão competente órgão judicial. Contudo não deixa de me causar estranheza, uma estranheza bem portuguesa, de mostarda no nariz, que em Portugal se continue a contrariar tão abertamente a Constituição portuguesa e que os partidos políticos ainda só estejam a contemplar colocar esta questão nos seus programas eleitorais. Pior ainda, que o Tribunal Constitucional, "ao qual compete especificamente administrar a justiça em matérias de natureza jurídico-constitucional.", contrarie tão abertamente a Constituição. No artigo 13º, que ostenta a epígrafe Princípio da Igualdade, não se refere a possibilidade de haver casamento entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, diz-se: "1) todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. e 2) ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual." Peço desculpa pelo rigor gramatical, mas quando se proibem duas pessoas do mesmo sexo de usufruírem de um direito que duas pessoas de sexos diferentes gozam, parece-me que o verbo a aplicar poderá ser o verbo prejudicar. Podia ser preconceito, mas preconceito não é um verbo!

1 comentário:

Anónimo disse...

Descobri este blog só agora!

Que saudades tenho dos teus blogues...
e dos teus cozinhados, das nossas bicicletas, do xavi a tocar à campainha, das espanholas... ai as espanholas! Tempos que já não o vão ser mais, mas que te agradeço por mos teres proporcionado.

P.S.: Se quiseres faço-te um header em condições para o blogue! eheh

Vou ficar anónimo, está bem?!