terça-feira, 14 de outubro de 2008

pelo respeito

moral (Lat. morale) – conjunto de costumes e opiniões que um indivíduo ou um grupo de indivíduos possuem relativamente ao comportamento; conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas; (…)

homossexual (Gr. homós, semelhante + sexual) – referente à atracção e/ou a comportamentos sexuais entre indivíduos do mesmo sexo; que tem essa atracção e/ou esses comportamentos.

heterossexual (Gr. héteros, outro + sexual) – relativo à atracção e/ou ao comportamento sexual entre dois indivíduos de sexo diferente; que tem essa atracção e/ou esses comportamentos; (…)

amor (Lat. amore) – viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos; inclinação da alma e do coração; objecto da nossa afeição; paixão; afecto; inclinação exclusiva.

casamento – união legítima entre homem e mulher; enlace; matrimónio; (…)

Fonte: Dicionário Universal da Língua Portuguesa, 1995, Texto Editora


Existem pessoas que possuem a capacidade extraordinária de influenciar de uma forma determinante o rumo da vida de outras pessoas. Esta sua influência incide sobre vários aspectos da vida de cada um; tive um professor na faculdade que, não obstante as circunstâncias adversas que encontrou no último ano em que teve a honra de ser professor, exerceu uma enorme influência sobre mim. Ensinou-me a ser extremamente cuidadoso com as palavras que utilizo e, sobretudo, a ser fiel ao seu verdadeiro significado. Estes ensinamentos recebi-os eu à custa de algumas repreensões verbais, consequência de um desleixo inconsciente no uso da língua portuguesa. Fez-me ver que o significado que as palavras têm não deve ser descurado e muito menos substituído por outros significados currentemente (mal) utilizados e que, muitas vezes, distorcem o sentido original de uma determinada ideia. Desta premissa pretendo partir para o tema principal desta reflexão, escrita.
A definição do «conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas», ou a definição da moral, deve ser feita com base no respeito pelos direitos da humanidade. Não deve ser feita com base em preconceitos de qualquer tipo, não deve ter em conta conceitos de normalidade porque eles raramente existem, não deve assentar no que é politicamente correcto ou naquilo que causa “menor impressão” ou “menos confusão”. As tradições nacionais devem ser mantidas, mas não a qualquer custo; não devem ser sobrepostas à garantia das liberdades individuais (e por isso colectivas) de cada um. Vários argumentos podem ser utilizados na defesa da moral vigente, do tal «conjunto de regras de comportamento», a defesa da manutenção do significado de vários conceitos sociais pode ser apresentada de forma brilhante e absolutamente justificada. Mas, por mais argumentos que se possam apresentar, a partir do momento em que estes chocam com o direito individual (e, mais uma vez, colectivo) de cada ser humano perseguir a sua própria felicidade toda a sua validade e toda a sua justificação fica imediatamente sem efeito. E não me parece necessário alertar para a necessidade de que esta procura da felicidade seja feita respeitando os direitos e as liberdades alheias. Este é um dever inerente a cada direito. Não se confunda, contudo, respeito pelos direitos alheios com a necessidade de pudor público. Não deve este respeito ser demonstrado e garantido através da hipocrisia, da restrição pública, da manutenção do afecto e do carinho no domínio do privado; as demonstrações públicas de afecto (o Public Demonstration of Afection – PDA – em inglês) devem respeitar os limites que o próprio bom senso impõe, não infringindo as próprias normas sociais vigentes.
Assim, parece-me que, dos conceitos supra mencionados, há um que urge modificar. A minha proposta de modificação é simples: «casamento – união legítima entre seres humanos». Pelo respeito dos direitos e liberdades individuais (e colectivos) da humanidade! Pelo respeito do direito de escolha! Pelo respeito do direito de procura da felicidade!

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