“uma das mais significativas mudanças do 25 de Abril foi a brusca alteração do paradigma da autoridade. a ideia de que a autoridade tinha razão por definição e que existia para ser obedecida e não para ser entendida, foi bruscamente subvertida. a imagem típica da autoridade, distante, separada por uma série de barreiras formais do comum dos mortais, que existiam para cultivar o temor reverente, gerar a subserviência e eram tanto mais rígidas quanto maior fosse a generalizada incompetência, destronou-se em poucos dias do pedestal que demorou décadas a ser edificado. o novo paradigma da autoridade ainda não é marcado pelas características da liderança, como acontece noutras sociedades ocidentais, mas está longe do passado recente. hoje, a autoridade é encarada essencialmente como um elemento num sistema, onde a aceitação depende do desempenho, não sendo automática. as aplicações concretas desta evolução nas relações entre as pessoas são imensas, não só em termos profissionais, como igualmente da vida familiar, social ou do lazer.”
António José Telo, História Contemporânea de Portugal I
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