ao longo dos vários meses de duração deste espaço, tenho evitado publicar textos com análises partidárias e referências a partidos políticos. mas, não é todos os dias que se tem um texto publicado no jornal.
Aqui fica o texto, disponível no Jornal do Barreiro.
O Partido Comunista Português venceu as últimas eleições autárquicas no Barreiro com maioria absoluta. Nada mais evidente. Tem neste momento mais um vereador do que tinha em 2005, mais deputados na Assembleia Municipal e manteve os mesmos resultados eleitorais em quase todas as freguesias. Em oposição, o Partido Socialista perdeu desastrosamente estas eleições. Igualmente evidente. Perdeu um vereador relativamente a 2005, um deputado municipal e os resultados das freguesias, com algumas excepções (com particular destaque para Coina), não chegaram para ameaçar a hegemonia do PCP no concelho. Por sua vez, o PSD e o Bloco de Esquerda mantiveram os mesmos resultados eleitorias, em termos de eleitos, embora com pequenas diferenças em termos percentuais. O PSD manteve o seu vereador na Câmara Municipal, manteve o número de deputados municipais e continua sem nenhuma Presidente de Junta de Freguesia. O BE não conseguiu eleger nenhum vereador, manteve o mesmo número de deputados municipais e nas juntas de freguesia os resultados foram semelhantes aos de 2005, com ligeiras descidas percentuais. Estas são as evidências dos resultados eleitorais.
O que para mim também é evidente é que o Partido Socialista do Barreiro foi o principal responsável pela maioria absoluta do PCP. Não quero retirar de forma alguma o mérito do Partido Comunista, até porque estou absolutamente convencido que teve muito, mas parece-me que a campanha conduzida pelo PS não correspondeu às expectativas dos barreirenses. Foram várias as falhas cometidas; a principal foi a escolha do candidato: eu estou convencido que um partido político, na escolha do seu candidato eleitoral, só tem duas hipóteses, ou escolhe um elemento do seio do partido com uma força excepcional e uma extraordinária capacidade de mobilização da máquina partidária que consiga mobilizar a população, ou escolhe uma personalidade da sociedade civil, sem filiação, que per se congrega os cidadãos em torno da sua pessoa e que é irrepreensivelmente reconhecido pelos eleitores como uma figura de referência. Ora, o PS não fez nem uma coisa nem outra e, por isso, nem sequer é necessário abordar a clara falta de preparação e o pouco conhecimento sobre o Barreiro do candidato nos debates realizados, nem outros factores de organização interna. Os resultados são evidentes.
Mas, por outro lado, existe o grande mérito do PCP. Desde que em 2005 ganhou as eleições, o executivo liderado por Carlos Humberto optou por seguir a tradição do partido no Barreiro e acomodou-se à vitória que tinha acabado de obter. Num mandato que durou 4 anos, os barreirenses assistiram à transformação do projecto do tanque de aprendizagem em piscina municipal, à inauguração do Fórum Barreiro e consequente reabilitação da zona envolvente da Rua Stara Zagora, reabilitação da Avenida Alfredo da Silva, reabilitação do Mercado Municipal 1º de Maio, recuperação do muro da Avenida Bento Gonçalves (Avenida da Praia) e repavimentação de várias artérias da cidade. Por partes: um tanque de aprendizagem é extremamente útil, mas não é uma piscina municipal; o Fórum é um investimento privado e talvez o mais importante para explicar as restantes obras – como contrapartida pelos terrenos para a construção do centro comercial, a Multi Mall Management suportou a recuperação da Avenida Alfredo da Silva e da reabilitação do Mercado Municipal, projectado pelo arquitecto Joan Busquets; o muro da Avenida da Praia foi obra da Administração do Porto de Lisboa, sem investimento municipal. Quanto ao último ponto, a repavimentação das ruas das cidades, é para mim a questão mais fantástica: durante três anos e meio as ruas do Barreiro apresentaram deficiências gravíssimas, cheias de buracos e com remendos efémeros igualmente grandes. Em menos de 6 meses, a Câmara Municipal do Barreiro interveio em diversas ruas, alcatroando e repavimentando estradas, fazendo obras de embelezamento do túnel do Barreiro. Para além disso, inaugurou-se um mercado (na altura ainda) inacabado, de um elemento escultórico na última semana de campanha e a interrupção de algumas obras por motivos eleitorais. Passadas as eleições, assegurada a vitória, as perturbações no trânsito voltaram a fazer parte da vida dos barreirenses e passar no túnel voltou a ser um inferno (e de novo de forma inesperada e sem aviso prévio), a estrada principal de Santo António voltou a entrar em obras e as primeiras chuvas intensas já vieram mostrar a falta de qualidade de algumas obras. Pelo meio, ainda ficam gravadas as declarações do Presidente da Câmara ao afirmar o seu esforço hercúleo e solitário na luta pela Terceira Travessia do Tejo, que foi um projecto aprovado pelo Governo.
O PCP ganhou as últimas eleições autárquicas no Barreiro. A estratégia delineada foi perfeita. Isto é uma evidência.
Aqui fica o texto, disponível no Jornal do Barreiro.
As Evidências de uma
Estratégia Perfeita
Estratégia Perfeita
O Partido Comunista Português venceu as últimas eleições autárquicas no Barreiro com maioria absoluta. Nada mais evidente. Tem neste momento mais um vereador do que tinha em 2005, mais deputados na Assembleia Municipal e manteve os mesmos resultados eleitorais em quase todas as freguesias. Em oposição, o Partido Socialista perdeu desastrosamente estas eleições. Igualmente evidente. Perdeu um vereador relativamente a 2005, um deputado municipal e os resultados das freguesias, com algumas excepções (com particular destaque para Coina), não chegaram para ameaçar a hegemonia do PCP no concelho. Por sua vez, o PSD e o Bloco de Esquerda mantiveram os mesmos resultados eleitorias, em termos de eleitos, embora com pequenas diferenças em termos percentuais. O PSD manteve o seu vereador na Câmara Municipal, manteve o número de deputados municipais e continua sem nenhuma Presidente de Junta de Freguesia. O BE não conseguiu eleger nenhum vereador, manteve o mesmo número de deputados municipais e nas juntas de freguesia os resultados foram semelhantes aos de 2005, com ligeiras descidas percentuais. Estas são as evidências dos resultados eleitorais.
O que para mim também é evidente é que o Partido Socialista do Barreiro foi o principal responsável pela maioria absoluta do PCP. Não quero retirar de forma alguma o mérito do Partido Comunista, até porque estou absolutamente convencido que teve muito, mas parece-me que a campanha conduzida pelo PS não correspondeu às expectativas dos barreirenses. Foram várias as falhas cometidas; a principal foi a escolha do candidato: eu estou convencido que um partido político, na escolha do seu candidato eleitoral, só tem duas hipóteses, ou escolhe um elemento do seio do partido com uma força excepcional e uma extraordinária capacidade de mobilização da máquina partidária que consiga mobilizar a população, ou escolhe uma personalidade da sociedade civil, sem filiação, que per se congrega os cidadãos em torno da sua pessoa e que é irrepreensivelmente reconhecido pelos eleitores como uma figura de referência. Ora, o PS não fez nem uma coisa nem outra e, por isso, nem sequer é necessário abordar a clara falta de preparação e o pouco conhecimento sobre o Barreiro do candidato nos debates realizados, nem outros factores de organização interna. Os resultados são evidentes.
Mas, por outro lado, existe o grande mérito do PCP. Desde que em 2005 ganhou as eleições, o executivo liderado por Carlos Humberto optou por seguir a tradição do partido no Barreiro e acomodou-se à vitória que tinha acabado de obter. Num mandato que durou 4 anos, os barreirenses assistiram à transformação do projecto do tanque de aprendizagem em piscina municipal, à inauguração do Fórum Barreiro e consequente reabilitação da zona envolvente da Rua Stara Zagora, reabilitação da Avenida Alfredo da Silva, reabilitação do Mercado Municipal 1º de Maio, recuperação do muro da Avenida Bento Gonçalves (Avenida da Praia) e repavimentação de várias artérias da cidade. Por partes: um tanque de aprendizagem é extremamente útil, mas não é uma piscina municipal; o Fórum é um investimento privado e talvez o mais importante para explicar as restantes obras – como contrapartida pelos terrenos para a construção do centro comercial, a Multi Mall Management suportou a recuperação da Avenida Alfredo da Silva e da reabilitação do Mercado Municipal, projectado pelo arquitecto Joan Busquets; o muro da Avenida da Praia foi obra da Administração do Porto de Lisboa, sem investimento municipal. Quanto ao último ponto, a repavimentação das ruas das cidades, é para mim a questão mais fantástica: durante três anos e meio as ruas do Barreiro apresentaram deficiências gravíssimas, cheias de buracos e com remendos efémeros igualmente grandes. Em menos de 6 meses, a Câmara Municipal do Barreiro interveio em diversas ruas, alcatroando e repavimentando estradas, fazendo obras de embelezamento do túnel do Barreiro. Para além disso, inaugurou-se um mercado (na altura ainda) inacabado, de um elemento escultórico na última semana de campanha e a interrupção de algumas obras por motivos eleitorais. Passadas as eleições, assegurada a vitória, as perturbações no trânsito voltaram a fazer parte da vida dos barreirenses e passar no túnel voltou a ser um inferno (e de novo de forma inesperada e sem aviso prévio), a estrada principal de Santo António voltou a entrar em obras e as primeiras chuvas intensas já vieram mostrar a falta de qualidade de algumas obras. Pelo meio, ainda ficam gravadas as declarações do Presidente da Câmara ao afirmar o seu esforço hercúleo e solitário na luta pela Terceira Travessia do Tejo, que foi um projecto aprovado pelo Governo.
O PCP ganhou as últimas eleições autárquicas no Barreiro. A estratégia delineada foi perfeita. Isto é uma evidência.
João Duarte Albuquerque
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